Psicologia

Os transtornos alimentares são determinados por vários fatores, mas ter um familiar com transtorno alimentar pode significar um risco maior de ter alguém mais na família com o mesmo problema.

Existem alterações orgânicas ou fisiológicas que poderiam causá-las.

Os hormônios funcionam em eixos, formados por diversos órgãos que se comunicam e se regulam por meio dessas substâncias. Os mais afetados são os transtornos de eixo gonadal - ovários e testículos ( responsáveis pela reprodução, comportamento sexual e características que diferenciam os sexos) os hormônios do eixo tireoideano ( que regula o ritmo de atividade e o consumo de energia no organismo) e os hormônios do eixo adrenocortial ( que permitem que o organismo se adapte e suporte a falta de alimentos). São essas alterações que explicam a ausência de menstruação (amenorréia), infertilidade, apatia, cansaço fácil, fragilidade, queda de cabelos e falta de disposição, problemas encontrados em mulheres com transtornos alimentares.

Temos, ainda, que acrescentar que "é privilégio do ser humano comer sem ter fome e beber sem ter sede... para o ser humano o objetivo de gratificação é variável". (Freud).

É preciso recordar outras teorias de Freud, a respeito do desenvolvimento afetivo e sexual, que se inicia na infância. Ele dividiu em diversas etapas ou fases este período do desenvolvimento, no qual a criança vai descobrindo, em si mesma, fontes de sentimentos prazerosos. A primeira dessas etapas é justamente a chamada fase oral, na qual a criança, a partir do contato com o meio e o seio materno, associa a obtenção de alimento com o contato afetivo e o prazer.

Assim, mais tarde emoções bloqueadas transformam-se em conflitos e a solução deles, uma vez prejudicada, manifesta-se indiretamente e/ou simbolicamente em sintomas. Pessoas com "fixação" na fase oral por excesso de gratificações ou frustrações afetivas e/ou materiais neste período, podem desenvolver transtornos alimentares. A obesidade é um deles, que acumulando excesso de gordura será fonte de novas frustrações e ansiedades.

O excesso de peso passa a ser um defeito físico que se carrega para o resto da vida.

A "imagem corporal" (Schilder) só se constrói em presença de um padrão constituído a partir de modelos externos; identificá-lo é fundamental para a terapêutica.

O ato de comer pode se associar a sexualidade e a agressividade muito reprimidas. Portanto o estudo da biografia do indivíduo joga papel fundamental no diagnóstico, tratamento e prognóstico.

Não se pode mudar o físico isoladamente porque funcionamos como uma unidade e o corpo é o nosso cartão de visitas: o que somos, sentimos e podemos realizar no mundo na interação com os outros seres que nos rodeiam.

O processo de mudança tem que vir de dentro para fora para que a transformação externa (de fora para dentro) se dê de forma harmoniosa e definitiva como expressão de uma qualidade de vida melhor.


Ref. bibliográfica: The Infantile Genital Organization of the Libido; Inst. of Ps-a and Hogarth Press, London, 1927. El imagen del cuerpo, Paidos, Ed, Buenos Aires, 1991.

Dra. Sueli Cabral / Psiquiatra e psicoterapeuta




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